Ternura | Vinícius de Moraes
Eu te peço perdão por te amar de repente Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos Das horas que passei à sombra dos teus gestos Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos Das noites que vivi acalentado Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente. E posso te dizer que o grande afeto que te deixo Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas Nem as (...)
Eu nasci marcado pela paixão
Eu nasci marcado pela Paixão, Pedro, meu filho...
E porque por ela nasci marcado, a ela me entreguei sem remissão desde menino, e o primeiro gesto que fiz foi buscar um seio de Mulher...
Vinícius de Moraes
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[ Durante esta semana relembrei várias vezes deste pequeno poema de Vinícius. Por muito que eu leia e me distraia da vida, acabo por sempre cair nele. Ele, Neruda e Sophia. Mas esta semana, foi ele quem me perseguiu; e este poema. (...)
« Meu pai, dá-me os teus velhos sapatos manchados de terra Dá-me o teu antigo paletó sujo de ventos e de chuvas Dá-me o imemorial chapéu com que cobrias a tua paciência E os misteriosos papéis com que teus versos inscreveste. Meu pai, dá-me a tua pequena chave das grandes portas Dá-me a tua lamparina de rolha, estranha bailarina das [insônias Meu pai, dá-me os teus velhos sapatos. » Vinícius de Morais
SE O AMOR PUDESSE Vinicius de Moraes / Marília Medalha Se o amor pudesse de repente compreender Toda a loucura que um amor pode conter Se ele pudesse, num momento de razão Saber ao menos quanto dói uma paixão Quem sabe o amor, ao descobrir a dor de amar Partisse embora para nunca mais voltar Mas me parece que uma prece ia nascer Na voz daqueles que o amor mais fez sofrer A lhe dizer que vale mais morrer de dor Do que viver num paraíso sem amor
Aprecio bastante a poesia de Vinícius de Moraes. E quando falo de poesia incluo, para além dos seus poemas, as suas músicas. Posso dizer que é um dos poetas do meu coração. A Música das Almas Na manhã infinita as nuvens surgiram como a loucura numa alma E o vento como o instinto desceu os braços das árvores que estrangularam a terra... Depois veio a claridade, os grandes céus, a paz dos campos... Mas nos caminhos todos choravam com os rostos levados para o alto Porqu (...)