O dia ensolarado não fazia sentido. Ele se metamorfoseou em céu em fúria: nuvens densas, cheiro intenso a ausência, escuridade, trovões e chuva.
Havia um silêncio. Cabeças curvadas. Olhares no vazio. Olhares que percorrem sem ver. Olhares que desencontram-se. Ritual, sequência e flores. Palavras ditas. Palavras que alcançam o ouvido de quem quisesse ouvir. Palavras para dizer que temos porquês para os quais não existem respostas. Palavras de consolo. Palavras de alerta. (...)
ver as imagens do temporal que assolou a ilha da Madeira ontem foi assustador. ver aquelas ruas a serem devastadas pela força da água enlameada e pessoas a perderem tudo em questão de minutos.
não controlamos mesmo nada.
Morreu Sérgio Vieira de Mello. Foi vítima do atentado terrorista contra a sede da ONU em Bagdad. Não vou enunciar um grande discurso de enaltecimento da vida e actuação de Sérgio Vieira de Mello. A carreira e a postura dele falam por si só. Apenas vou dizer que hoje o meu entardecer foi frio e sem cor. A tristeza também pode surgir através de uma interrupção televisiva de urgência.