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Chá de Menta

I am half agony, half hope | Jane Austen

Chá de Menta

I am half agony, half hope | Jane Austen

(Inspirar amor)

22.09.14, a dona do chá

Eu não tinha ilusões a seu respeito. Sabia que era tola, frívola e tinha a cabeça vazia. Mas eu a amava. Sabia que seus ideais e objetivos eram vulgares. Mas eu a amava. Sabia que era uma pessoa de segunda classe. Mas eu a amava. É cômico lembrar do quanto me esforcei para divertir-me com as coisas que a divertiam, e do quanto eu procurava esconder que não era ignorante, vulgar, maledicente e estúpido. Eu sabia o quanto a inteligência lhe fazia medo e tentei tudo para lhe dar a impressão de que era um tolo tão grande quanto os homens que você conhecia. Sabia que você somente se casaria comigo por conveniência. Eu a amava tanto que isso não me fazia diferença. Muitas pessoas, até onde pude observar, sentem uma espécie de ressentimento quando amam alguém e esse amor não é correspondido. Tornam-se furiosas e amargas. Não foi assim comigo. Nunca esperei que você me amasse nem encontrei um motivo que a pudesse levar a amar-me, pois nunca me julguei capaz de inspirar amor. Eu era grato a você por me permitir amá-la e me sentia enlevado quando, às vezes, você ficava satisfeita comigo, ou quando eu via nos seus olhos um lampejo de afeição bem-humorada. Procurei não aborrecê-la com meu amor. Eu sabia quenão tinha esse direito e sempre estava à espreita de um primeiro sinal de sua impaciência diante do meu afeto. O que a maioria dos maridos espera como um direito eu estava pronto a receber como um favor.

 

W. Somerset Maugham, O Véu Pintado