Correntes de Ar
Hoje não me apetece ser simpática nem sorridente para ninguém. Detesto todo o marketing existente à volta do Dia Internacional da Mulher. Primeiro só se falava na data, depois começou esta coisa de se oferecer rosas, agora já motivam a oferta de chocolates. Entretanto, várias mulheres juntam-se para fazer jantares e festejar o "ser mulher". Dentre estas coisas todas não sei o que me irrita mais: a futilidade ou a alienação. Já sei, já sei que vivemos num país livre, onde cada um pensa, diz e faz o quer. Por isso mesmo posso manifestar o meu repúdio pela falta de reflexão e pelo excesso de correntes de ar que existe em muitas mentes. Inclusive, convém relembrar que para milhões de mulheres e crianças pelo mundo fora essa coisinha tão corriqueira e banal como a liberdade individual é ainda uma quimera. Para milhões de mulheres e crianças a realidade é a violência, opressão, desigualdade, humilhação, sofrimento. Não, hoje não me apetece sorrir nem dizer "muito obrigada" quando me oferecerem uma rosa. O perfume da rosa não esconde o persistente cheiro a podre.