( VALE A PENA SONHAR )
« Há um ano iniciámos um processo do qual não conhecemos o fim. Há um ano fomos à primeira consulta de infertilidade, na MAC.
Passou um ano e já encaro as idas às consultas de outra forma. Se há um ano escondi de todos a minha impossibilidade de ter filhos, neste momento não sinto vergonha de o reconhecer. Sentia-me inferiorizada, incompleta e mais um monte de coisas que não consigo explicar. Não vou mentir e dizer que ideias absurdas não me povoam os pensamentos de vez em quando, mas isto não é o que interessa falar agora.
Passou um ano (com consultas, exames e afins) e ainda não sou mãe. A dor permanece. A ausência do filho que se deseja continua a ser sentida, embora com menos desespero e com mais paciência.
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Esta minha experiência tem-me ensinado várias coisas e nesse sentido penso que a aprendizagem me torna uma pessoa um pouco melhor. Não melhor do que alguém. Apenas um pouco melhor do que era.
Este ano tive de aprender a esperar, a ser paciente, a depender e a não ser uma menina mimada que exige o seu doce.
A infertilidade dói, mas agora afirmo: sei que vou ser mãe quando, e se, Deus quiser»
E hoje leio:
« É verdade, estou grávida!
Até me custa a acreditar que estou a escrever isto. Sonhei tanto com uma gravidez, imaginei tantas vezes como ficaria feliz, como seria bom poder partilhar com todos, mas mesmo assim não imaginei que fosse ficar assim, sem palavras. »
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Hoje, sinto alegria pela felicidade desta moça desconhecida, mas que aprecio pelo que escreve e, sobretudo, pela coragem revelada.