(Costas de anjo)
19.12.12, a dona do chá
"(...)Estamos finalmente a sós do mundo. É como fechar a porta da cama depois de fechar a porta do quarto.
Meus olhos deitados se encaixam em seus ombros. O olfato se apura na saboneteira. E vejo o filme de suas palavras na tela de sua carne. Vou entendendo a importância do desabafo pelos suspiros e parágrafos curtos do pulmão.
Compreendo que escutar é proteger, escutar é reservar todo o corpo a alguém, não apenas o rosto, da mesma forma que reservamos uma mesa para jantar e um lugar no teatro.
Mulher não tem costas, como um anjo, uma árvore, um relâmpago.(...)"
Costas de Anjo, Fabrício Carpinejar