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Chá de Menta

I am half agony, half hope | Jane Austen

Chá de Menta

I am half agony, half hope | Jane Austen

(partilhas)

16.11.11, a dona do chá

Ontem, recebi um email de uma pessoa querida deste mundo virtual dos blogues.

Ela partilhou comigo este texto (que abaixo transcrevo).

Emocionou-me porque me revi em cada palavra.

Emocionou-me o gesto dela.

Obrigada, Paula. 

 

 

"Também escrevo para escapar à realidade dos dias, ao cinzentismo da profissão e à formalidade emproada do mundo em que me movo. Escrevo para infantilizar as horas e colorir a existência. Escrevo porque me recuso a ceder à ideia de que só as palavras retorcidas encontram eco em quem as lê, porque a confiança, o humor, a solidariedade, o Deus em que acredito, a beleza das pequenas coisas, a bondade dos gestos, a surpresa dos acasos têm o dom de me alegrar mais que uma garrafa de vinho, mesmo que seja alentejano, do bom, daquele que o meu pai abre às segundas-feiras quando reunimos a família à volta da mesa do jantar e eu tenho as minhas miúdas penduradas em mim a puxarem um "oh tia", cada uma para seu lado. Escrevo porque não cedo, porque a escrita pode ser depurante mas também pode ser encantatória, uma fotografia desfocada em tons suaves que apetece reter no ecran. Escrevo porque já todos falam de tudo o resto e eu já não tenho paciência para os ouvir, ou ler, quanto mais escrever. Escrevo porque prefiro mil vezes uma oração a um lamento, uma declaração de amor a um queixume traído, um sorriso a um esgar de desprezo solidário, uma nota de esperança a um panfleto revolucionário, um beijo nas mãos a um piropo usado lançado do passeio, uma frase bem escolhida a um lugar comum que já é dito em silêncio antes sequer de ser pronunciado.

E sim, às vezes é também por tudo isto que eu não escrevo."  

 

Texto de Leonor, do blogue "Outro Sentido"