( o calor e a memória )
Está um calor invulgar para este tempo e involutariamente lembro-me de outras paragens. Lembro-me do calor do Rio. A memória voa pelos rostos do meu irmão, da minha cunhada, sobrinhos, primas, padrinhos e amigos. A memória tem esta característica de nos fazer voar e reviver. A memória tem esta coisa boa que é fazer o coração bater mais rápido e rugir impiedosamente. A memória, por assim dizer, redimensiona a realidade. Dilata-a. Sim, há o aqui e o agora mas também somos o que já foi vivido. Esquisito, não é? O que vivemos também é nossa pertença e as pessoas com quem convivemos continuam dentro de nós. Elas também são o presente. O amor e a memória andam de braços dados.
No dia em que tirei esta foto, estava calor como o de hoje. A memória, ao contrário do que se pensa, tem este atributo de ser palpável e reconstituível na retina do pensamento.