Após o Natal comecei a ler este livro porque soava ideal para uma leitura de fim de ano: um romance leve. Portanto, não me preocupei de pesquisar sobre o livro ou conhecer mais sobre ele; simplesmente comecei a ler. O resultado é que enganei-me redondamente. Este livro foi uma total surpresa. Acreditem, eu apenas esperava um livro bonitinho e leve, talvez induzida pelo título. Eu li a versão brasileira ("Querida Sue") mas quero futuramente ler na versão portuguesa ("Nove mil dias e uma só noite") - sim, ambos títulos traduzidos não fazem nada jus ao livro. Assim, a resumir numa frase, achei este livro belíssimo, de extrema delicadeza e profundo. Entenda, não é um livro complexo. Mas aborda os sentimentos, as motivações e as escolhas que fazemos na vida de uma forma muito verdadeira. Então, se procura ler um romance leve, esqueça, este livro não é para si.
Todo o livro segue o modelo epistolar. (Faço aqui este parênteses para dizer que encarei este facto, por si só, como uma vantagem - é um género que me agrada. Então, mais uma vez, se não gosta de ler cartas, esqueça, este livro não é para si.)
A história é contada através da troca de cartas entre várias pessoas em duas fases cronológicas: os capítulos intercalam entre a I Guerra Mundial e a II Guerra Mundial. Tudo gira em torno de Elspeth Dunn, uma poetisa escocesa, e David Graham, um estudante americano. Ambos não se conhecem mas depois da leitura de um livro de Elspeth, David toma a iniciativa de escrever-lhe e isto acaba por gerar uma amizade por correspondência. Cada um revela as particularidades de suas vidas e pensamentos. Encontros, desencontros, família, escrita, amor, casamento, escolhas, sofrimento, felicidade. A passagem dos anos, dos dias, das horas, e ainda assim, uma persistência em se ser verdadeiro a um sentimento e a uma escolha. E, em meio a tudo isso, todo um processo de cura de feridas guardadas.
Passados alguns meses de ter lido este livro, sinto uma leve saudade. É difícil encontrar um livro do qual se pode dizer "esta é uma belíssima história". E, confesso, a dado momento, eu me emocionava e ria na mesma proporção. Será com certeza um livro a reler.