(O sentido da vida)
"Há uma altura em que aquela dor insuportável permite que se sorria, que a pessoa presa ao fundo do mar volte a esbracejar e regresse à superfície, primeiro para reaprender a respirar, depois para ser mais uma entre muitas criaturas obrigadas a sobreviver. Mas quando chega essa altura? (...)
O sentido da vida está inteiramente ligado aos sonhos e à esperança. Não se trata apenas de fugir à dor. Ser livre é dizer sem vergonhas aquela frase de Twin Peaks: "Fire walks with me." Como é que caminhamos com o fogo das ilusões de grandiosidade e abdicamos de um passado de angústia? Antes de mais, é necessário aceitar a realidade. A nossa realidade só melhora se a aceitarmos, se vivermos no presente. Esta é uma escolha que podemos fazer. Evito o “aqui e agora” dos livros de auto-ajuda. Viver no presente implica apreciar as pequenas coisas, apreciar os amigos, criar relações de empatia. Os nossos sonhos não se concretizam em solidão e o sofrimento precisa de companhia para desaparecer. A solução passa por dar valor aos outros. "Olá, como estás?", com isto podemos fazer novas amizades e salvar-nos do desespero"