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Chá de Menta

I am half agony, half hope | Jane Austen

Chá de Menta

I am half agony, half hope | Jane Austen

(O sentido da vida)

22.07.14, a dona do chá

"Há uma altura em que aquela dor insuportável permite que se sorria, que a pessoa presa ao fundo do mar volte a esbracejar e regresse à superfície, primeiro para reaprender a respirar, depois para ser mais uma entre muitas criaturas obrigadas a sobreviver. Mas quando chega essa altura? (...)

O sentido da vida está inteiramente ligado aos sonhos e à esperança. Não se trata apenas de fugir à dor. Ser livre é dizer sem vergonhas aquela frase de Twin Peaks: "Fire walks with me." Como é que caminhamos com o fogo das ilusões de grandiosidade e abdicamos de um passado de angústia? Antes de mais, é necessário aceitar a realidade. A nossa realidade só melhora se a aceitarmos, se vivermos no presente. Esta é uma escolha que podemos fazer. Evito o “aqui e agora” dos livros de auto-ajuda. Viver no presente implica apreciar as pequenas coisas, apreciar os amigos, criar relações de empatia. Os nossos sonhos não se concretizam em solidão e o sofrimento precisa de companhia para desaparecer. A solução passa por dar valor aos outros. "Olá, como estás?", com isto podemos fazer novas amizades e salvar-nos do desespero"

O sentido da vida, Paulo Rodrigues Ferreira 

(Três Corações | 2)

14.07.14, a dona do chá

Impressões sobre a gravidez


O 1º trimestre passou a voar. Andei letárgica. Todos falavam, davam parabéns, conselhos e os habituais "deves fazer isso, deves fazer aquilo".

Tudo isto encarei como sendo uma postura normal. Todos queriam ajudar. Esta foi a parte mais positiva de toda a gravidez, o facto das pessoas quererem ser solícitas e ajudar no que fosse preciso. 

A realidade é que eu estava completamente aérea. Não parecia real, nem a morte nem a vida.

O grande momento destes primeiros três meses foi a primeira ecografia. Esperava chegar lá e ouvir o médico dizer que tinha havido um engano e que eu não estava grávida. Ou então apenas ver um pontinho indistinto. Mas não. Lá estava ele, um feijãozinho bem nítido, bem desenhado e, aos meus olhos, um desenho perfeito. Ouvir-lhe o coração a pulsar. Aos meus ouvidos foi um som ensurdecedor. Um som de vida. E algo dentro de mim desatou a correr pela garganta acima. Chorei. Chorei descontroladamente. De mãos dadas com o G. que também chorava. 

Foi, sem dúvida, um momento de viragem. Foi a partir daquele momento que passei a sonhar.