Acordar, trabalhar e dormir cansada. A vida tem sido tão igual apesar da realidade ter sido modificada. Confesso-me cansada, com uma pontada de desânimo. O ano vai a meio e vai ser mais um ano sem descanso. Férias, então, nem pensar. Novamente.
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Também confesso-me cansada dos discursos pessimistas, "isto vai cá uma crise" e "isto a tendência é piorar". De igual forma, já causa fastio o discurso optimista "tudo se vai resolver" e "não podemos peder a esperança". E um discurso realista? Seria pedir muito?
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Sinto saudades descomunais do meu pai. Nunca pensei que seria assim. O pior é que não posso falar disto com ninguém porque parece fraqueza de carácter ainda não ter "ultrapassado" a sua morte. Apanho-me a chorar sem motivo. Dou por mim à espera de vê-lo virar a esquina. Parece que antecipo ouvir-lhe a tosse. Um dia ele disse-me que eu sentiria a falta dele. Ele tinha toda a razão. Doença maldita que come o ser humano por dentro até que ele perca toda a identidade e todo sinal de vida. Doença maldita que o levou. Doença maldita.
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O meu/minha baby é a coisa mais preciosa que me aconteceu este ano; está a crescer dentro de mim e que me faz entender realmente o que significa a palavra medo. Medo que aconteça algo, medo de que venha a falhar, medo de tudo que possa prejudicá-lo/a. Espero ansiosamente por conhecê-lo/a.
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O meu pai nunca conhecerá o meu/minha baby. O meu/a baby nunca entenderá completamente quem foi o avô.