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Chá de Menta

I am half agony, half hope | Jane Austen

Chá de Menta

I am half agony, half hope | Jane Austen

(carta ao futuro)

31.12.12, a dona do chá

Querido Ano Novo de 2013,

Quero dar-te as boas vindas de coração aberto e exposto.

Gostaria de declarar publicamente que não guardo qualquer forma de preconceito ou superstição quanto ao facto do teu nome terminar em 13. Não te julgarei pelo teu nome, nem pelas estimativas, nem pelo que dizem que tu vais ser. Sei que vais buscar por fazer o melhor de ti.

Caminhaste 365 dias para chegar a este momento: o início de uma etapa. E cada início tem o frescor das manhãs silenciosas. Há a expectativa pelo que há-de vir. Há o frémito da antecipação. Tenho pressa de conversar contigo, Ano Novo. De conhecer-te melhor e de entender de que forma posso ajudar-te nesta tarefa de contribuir para que o mundo venha a ser um lugar melhor. 

Sabes, Ano Novo, todos somos seres frágeis com cicatrizes mas com grandes esperanças. Por causa disto, peço-te que sejas gentil. Não somente comigo mas com todos nós. Somos um conjunto de corações pulsantes que anseiam por viver-te intensamente. Sei que não serás perfeito e intocável mas se fores humano e gerador de possibilidades tenho certeza de que isto, por si só, já será extremamente proveitoso. 

Estou grata por poder ver-te. Falta muito pouco para conhecer-te e, tenho certeza, será bom.

Não quero atrasar-te mais porque tens um horário a cumprir...

Um abraço cheio de tudo,

Cátia

 

(a long december)

31.12.12, a dona do chá

Não terei saudades de ti, Dezembro. Não, mesmo. Não terei saudades desta tua tendência para o erro, para o vazio e para a solidão. 

Não terei saudades de ti, Dezembro. Mas, é certo que a cada ano que passa, guardo a expectativa de que me surpreendas e de que sejas melhor. Esta esperança é a minha luta interna de rebelião contra o teu fel. Reconheço a tua generosidade para muitas pessoas e isto, de certa forma, consola-me. Saber que pessoas queridas vivem, através de ti, momentos de realização e alegria realmente confere-me uma certa satisfação.  Mas o nosso caso é diferente. Conhecemos bem um ao outro e sabemos que para haver entre nós real harmonia muita coisa teria de mudar.

Sinto-te Dezembro, como um longo inverno. Um primeiro passo de despedida. Um alheamento. Sinto-te na forma de um vento norte, que corta e entrelaça-se em línguas de adeuses. A verdade é que, sinto-te Dezembro. Um passo derradeiro antes do reinício. 

Quando nos reencontrar espero que possamos nos sentar a mesa e, olhos nos olhos, possamos conversar sobre isso. Sobre este relacionamento tão doloroso e tão hostil que partilhamos. Não quero que permaneças eternamente  prisioneiro de minhas próprias frustrações ou o mensageiro de amarguras. Não. Porque, sabes, eu não acredito nas coisas definitivo. Pode ser que um dia, num ano qualquer, os nossos olhares se cruzem quando Novembro estiver de partida, sorriremos um para o outro e talvez possamos nos reconcialar de todos os anos de desacordo e frieza. Pode ser que o entendimento venha a ser mútuo. Eu queria realmente olhar para ti, Dezembro, beijar-te os olhos e abraçar-te com carinho. Dizer-te palavras de avaliação. Sentar-me ao teu lado, no chão, e recordar cada dia do ano, cada hora e minuto, bom ou mau, sorrir e chorar contigo. De costas contra a parede da sala, poderíamos olhar pela janela e ver Janeiro chegar. Dar-te-ia as mãos e esperaria com serenidade. Com olhos iluminados pelo sol fraco de um inverno qualquer.

É verdade. Não terei saudades de ti, Dezembro. Especialmente este ano. O meu coração, contudo, é um órgão de fogo e de diferentes intensidades. Então, não me resigno. E este, talvez, seja o meu pior defeito. Apesar de toda esta mágoa contra ti, cultivo a esperança do dias futuros serem diferentes. Busco por gentilezas e gestos delicados. Busco que daqui por diante nós dois sejamos pessoas melhor. Tu e eu, áspero Dezembro.

Levanto as golas do casaco, aperto os passos e o cachecol, caminho pela chuva e me afasto de ti. Não olho para trás. Nunca olharei para trás. Quando te vir novamente, quero encontrar-te de frente. E quando capturar o teu olhar, não será mais um adeus.

(vagas de lume)

31.12.12, a dona do chá

nestas horas, de silêncios e respirações entrecortadas, a casa dorme. a rua dorme. as gotas de chuva que caem sobre o estendal de roupa na varanda também estendem-se adormecidas. o mundo todo dorme e respira e inspira e transpira e esquece. o curso da madrugada é esta longa estrada de esquecimento e braços aprofundados no abandono dos lençóis. a minha pele, a tua pele, o hálito morno e os corpos em repouso. pela noite dentro, erguem-se horas de precipício. tudo está em pausa. pé ante pé, dispomo-nos tão perto, tão absurdamente perto, que a distância é um sopro de voz. sussurrado. antes da queda. antes da luz. antes de ser dia.

(goodreads)

29.12.12, a dona do chá

Leio com regularidade desde os 15 anos e agora encontro-me nesta tarefa de ir catalogando no Goodreads as leituras que já fiz até hoje. Este exercício tem sido estranho porque tento relembrar e, por vezes, é difícil. Lamento agora, não ter sido mais sistemática no registro desta acção ao longo dos anos. É certo que nunca lerei tudo o que quero ler mas, de igual forma, seria interessante chegar a conclusão da quantidade de livros que já li e do tipo que li de acordo com a idade.

 

Pode-se dizer que esta é uma resolução para os próximos anos.

(nomes e longos invernos)

29.12.12, a dona do chá

dos teus lábios sai o nome de todos os sinais. dos teus lábios, que encerram promessas e palavras não ditas, saem incertezas. e olhares apagados. 

de ti, acerca de nós, acerca do que nunca fomos, transpiram ausências e longos invernos. porque somos assim, constantes e moderados. somos o que somos e não aquilo que nunca chegaremos a ser. somos calma, verdade e solidões acompanhadas. agarra-te aos dias, os anos hão-de passar e finalmente, seremos memória. pó, vento e vazio.

(marcado pela paixão)

29.12.12, a dona do chá

Eu nasci marcado pela paixão

 Eu nasci marcado pela Paixão, Pedro, meu filho... 

E porque por ela nasci marcado, a ela me entreguei sem remissão desde menino, e o primeiro gesto que fiz foi buscar um seio de Mulher...

 

Vinícius de Moraes

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[ Durante esta semana relembrei várias vezes deste pequeno poema de Vinícius. Por muito que eu leia e me distraia da vida, acabo por sempre cair nele. Ele, Neruda e Sophia. Mas esta semana, foi ele quem me perseguiu; e este poema. Nascemos, de facto, marcados pela paixão? ]

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Conheça mais sobre o poeta Vinícius de Moraes aqui.

(Gabriel's Inferno #1 )

29.12.12, a dona do chá

"Why not think that sometimes—just sometimes—you can overcome evil with silence? And let people hear their hatefulness in their own ears, without distraction. Maybe goodness is enough to expose evil for what it really is, sometimes."


 "Gabriel's Inferno"Sylvain Reynard

 

Este é um dos últimos livros que li em 2012 e surpreendeu-me ao máximo. Li em versão ebook mas ele será lançado em 2013, informação que uma querida amiga partilhou comigo. 

 

Pretendo escrever mais sobre este livro mas, para já, quero apenas deixar um alerta: quando entrarem numa livraria e virem este livro "O Inferno de Gabriel" de Sylvain Reynard não se deixem enganar nem pelo título nem pela comparação ao livro "As 50 Sombras de Grey". Em primeiro lugar, porque o livro não tem nada de esotérico. Em segundo lugar, porque o livro, de igual forma, não tem nada a ver com "As 50 Sombras de Grey". É uma comparação que estão a fazer a ver se este livro vende tanto quanto o outro. Para mim, a diferença é brutal. E digo isto, porque sim, eu li "As 50 Sombras de Grey". "Gabriel's Inferno" está bem acima de Grey.

 

"As 50 Sombras de Grey" foi o grande fenómeno de vendas e ainda quero escrever sobre isto. Não somente as minhas impressões sobre o livro mas  sobre outros aspectos deste tipo de fenómeno.

 

"Kindness is never wasted." 

"Gabriel's Inferno"Sylvain Reynard

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