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Chá de Menta

I am half agony, half hope | Jane Austen

Chá de Menta

I am half agony, half hope | Jane Austen

(livros usados)

19.02.11, a dona do chá

Acabei de ver no A Origem das Espécies a indicação de um blogue de leilões de livros usados, e é referido que "o valor das vendas resultante dos leilões reverterá, na sua totalidade e de forma directa, para a APPT21 (Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21) e para o Centro de Desenvolvimento Infantil Diferenças."

Como eu gosto de livros usados e como se trata de uma boa causa fui dar uma espiadela. É muito interessante.

Para quem estiver interessado é o Déjà Lu.

(tu és bem-vinda)

16.02.11, a dona do chá

o céu está denso, carregado de nuvens e a espirrar gelo. tudo está cinzento. parece que o dia se transformou em noite e que a noite é uma continuidade do dia no mesmo tom. ajeitam-se cachecóis para afastar o frio, seguram-se guarda-chuvas para protegerem-se da chuva e abaixam-se os olhos para não pensar na solidão. é preciso correr para esquecer o vento, o céu, o frio, a chuva, os casacos, os guarda-chuvas, as ruas, as nuvens. é preciso correr, não olhar para os lados, abrir portas, subir escadas e chegar. aquele capacho na entrada - familiar e seguro - é a meta. é o limiar da fronteira. a última porta. e ela abre-se e ela fecha-se e ela responde-me "bem-vinda". tu és bem-vinda. este é o teu lar. estes são os que te amam. o vento, o céu, o frio, a chuva, os casacos, os guarda-chuvas, as ruas, as nuvens, a solidão, tudo ficou para trás. não penses mais nisto. aquece-te e descansa. descansa.

descanso.

(...)

15.02.11, a dona do chá

e se chover todo o dia e toda a noite e se persistir em chover mesmo amanhã o que seremos de nós dois e o que será de nós mesmos e o que será do dia, da noite, da chuva e de nós?

( DESAFIO | Bicentenário "Sense and Sensibility" #4 )

09.02.11, a dona do chá

 

Tenho que vos actualizar sobre o que Raquel tem colocado no seu blogue sobre o nosso querido tema - Sensibilidade e Bom Senso.

 

Uma das coisas de que eu mais gosto de ver no blogue dela são as capas de livros. Eu sou apaixonada por design gráfico e por capas de livros. É extremamente interessante ver a evolução que ocorrem nesta área. Deixem-me confessar que sempre preferencio um livro antigo, amarelo e envelhecido a um novinho em folha e todo produzido. Aliás, em qualquer Feira do Livro são sempre as bancas de livros usados as que eu visito em primeiro lugar. Não sei explicar. É como se o livro tivesse vida própria e uma história para além da história - o que é algo que me fascina. É uma fraqueza? Talvez... Mas cada pessoa tem as suas fraquezas.

 

Bem, mas voltando ao que interessa... A Raquel tem colocado posts sobre livros que tem ganho e que tem encontrado de Sense and Sensibility:

 

Um presente de coração (tenho que fazer aqui um parênteses para dizer que um dos meus sonhos era encontrar um livro da Jane Austen desta editora... até surgem alguns nas Feiras do Livro, mas nunca encontrei nenhum da Jane)

Primeiro Presente Jane Austen

Mais uma tradução portuguesa de Sense and sensibility

A primeira tradução brasileira de Sense and Sensibility

Adaptação de Razão e sensibilidade

Sense and Sensibility em alemão

 

A Raquel tem feito uma retrospectiva dos posts que foi escrevendo, ao longo dos anos, sobre Sense and Sensibility no Jane Austen em Português:

 

Sense and sensibility - Ano 2009

Sense and Sensibility - Ano 2010

Sense and Sensibility Lendo na Biblioteca

 

 

E, também, sobre o filme Sensibilidade e Bom Senso (1995) de Ang Lee ( no Brasil o título do filme éRazão e Sensibilidade):

 

Atores e atrizes no Jane Austen em Português

Qual personagem vocês conhecem? ( Neste post, a Raquel levanta uma questão divertida: quem, na vida real, corresponde a algum personagem de Sensibilidade e Bom Senso? Eu confesso que até parei uns segundos... Eu acho que eu reconheço em várias pessoas todos os personagens. Será normal?? O fascinante em Jane Austen é mesmo isto, os seus personagens serem tão próximos à nossa realidade).

 

 

Há muito que ver, ler e sonhar.

(...)

01.02.11, a dona do chá

Remissão

 

Uma única catedral gótica ou uma única cantata de Bach redimem a religião de todos os seus males. Ou não. Você pode atribuir a beleza da igreja e da música à devoção religiosa e perdoar as barbaridades que a mesma devoção inspirou através da história, ou concluir que uma coisa não determinou a outra — Bach seria Bach mesmo sem a devoção — e apenas se admirar que tenham sido simultâneas.

Escolha: a arte religiosa se nutriu da violenta história do cristianismo ou floresceu apesar dos seus conflitos, para compensar a violência? Pode-se até imaginar uma tabela de remissões. Quantos anos de obscurantismo e fanatismo da Igreja são absolvidos pela Pietà do Michelangelo, por exemplo? Só o Réquiem do Mozart basta para a absolvição da Inquisição?

Tudo depende do olhar. Há quem olhe as pirâmides do Egito e veja um fenômeno arquitetônico e um triunfo do empreendimento humano. Outros só veem o sofrimento dos escravos pela maior glória de senhores insensíveis. Há quem olhe a fachada de uma catedral antiga e sinta seu espirito se enlevar, há quem veja na sua imponência apenas uma declaração de poder.

No seu livro "Cultura e Imperialismo", o critico Edward Said escreveu sobre a relação, às vezes inconsciente, do romance europeu com o colonialismo a partir do século 19. Seu exemplo mais comentado é um estudo sobre "Mansfield Park", de Jane Austen, em que ele ressalta a importância para a vida na mansão descrita pela autora, que dá título ao livro, de uma plantação no Caribe.

Em nenhum momento do livro de Austen é sugerido que a família seja cúmplice do imperialismo, e muito menos que seu estilo de vida dependa de escravos, mas a tese de Said é que em boa parte da literatura feita na Europa na época — inclusive singelas histórias de donzelas pastorais vivendo o drama de arranjar marido — esta interdependência está implícita. Depende do olhar de quem a lê.

Como no caso de catedrais e cantatas, a literatura produzida na Inglaterra e na França principalmente (e Portugal e Espanha, já que estamos falando de colonizadores) redime ou não redime o crime, neste caso da conquista imperial. Vendo uma mansão inglesa em meio a um idílico parque de grama perfeita, você pensa em Jane Austen ou pensa nos escravos?

 

 

Crónica de Luis Fernando Veríssimo, retirado do Blog Noblat.

 

 

 

[ Enviado pela minha querida prima E. Adorei ;) ]