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Chá de Menta

I am half agony, half hope | Jane Austen

Chá de Menta

I am half agony, half hope | Jane Austen

( a morte da criatividade )

28.10.09, a dona do chá

preparo-me para o dia que se aproxima. 

o mesmo percurso, os mesmos gestos, o mesmo ritmo, os mesmos rostos, as mesmas conversas, a mesma actividade. tudo sempre igual. o que varia é o grau de paciência.

segurança é bom, é muito bom. mas não há nada que mate mais por dentro que a certeza do amanhã.

( perseguida )

28.10.09, a dona do chá

acordo várias vezes durante a noite. "já é dia?", penso. sinto calor, dor na garganta e vontade de ter mais doze horas de sono. tenho tido sonhos estranhos. sonhos daqueles que uma pessoa se lembra e preferiria esquecer. sonhos com pessoas que já não vejo há muitos anos. sonho com uma pessoa a querer me matar. sonho que me perseguem. e eu, que até procuro significados na coisas que me cercam, felizmente não lhes atribuo grande significado. pertuba-me porém ter um sono conturbado. teria sido melhor uma noite branca e vazia, sem lembrança de sonhar. só aquele baque de cair na cama e acordar no dia seguinte. algo tão importante para o restabelecimento mental.

( inseguranças )

28.10.09, a dona do chá

ele acorda e diz que se sente cansado. que lhe dói o ombro de tanto estar deitado naquela posição. eu digo-lhe que ele tem que lutar contra a vontade de estar sempre deitado. ele pergunta-me "será que vai demorar até eu ser chamado para a operação?". eu digo-lhe que não sei. ligámos e perguntamos com frequência, mas a resposta é sempre a mesma: "quando chegar a hora avisaremos". ele está cansado e todos estamos também cansados. há dias que o humor dele é insuportável, há dias que penso que não vou suportar mais e que peço que tudo aconteça logo. depois, quando passa a ânsia fica dividida. porque não sei se serei capaz de suportar uma possível perda.

( questionário )

27.10.09, a dona do chá

A minha sobrinha e afilhada Drika me mandou este questionário e selo. Desde já, agradeço-lhe a menção honrosa. Ela sabe que mora no meu coração.

 

 

 

As regras são as seguintes:

1. Postar o link de quem indicou;
2. Postar o selo;
3. Passar o selo a 5 blogs perfeitinhos;
4. Responder às perguntas;

 

* Mania: de andar sempre com uma música na cabeça.

 

* Pecado capital: bem, eu acho que sou bastante pecadora. deixo-me levar muitas vezes pela falta de paciência, pela ira e por excesso de perfeccionismo. é isso mesmo, eu sou intragável :O)

 

* Melhor cheiro do mundo: o aroma do café, de manhã cedo. bolo de chocolate a sair do forno.

 

* Se o dinheiro não fosse problema: arranjávamos outro problema...

 

* História de infância: são tantas histórias... lembro-me de ser pequena e meu pai sentava numa poltrana para ver o telejornal, e eu sentava-me por cima dos ombros dele, por cima da cabeceira do sofá e ficava penteando o cabelo dele, a colocar lacinhos e fitas. como se ele fosse uma boneca. :O)  lembro-me das brincadeiras nos fins-de-semana, na casa da minha madrinha, quando todos os tios e consequentemente os primos se juntavam :O) tantas coisas...

 

* Habilidade como dona de casa: sem falsa modéstia, eu sou uma boa dona de casa :P

 

* O que não gosto de fazer em casa: estender a roupa no varal, mas o que tem de ser tem muita força.

 

* Frase preferida: "é ainda o teu rosto que eu procuro / através do terror e da distância / para a reconstrução de um mundo puro" da Sophia de Mello Breyner Andresen.

 

* Passeio para o corpo: caminhar, no sentido literal e no sentido metafórico.

 

* Passeio para a alma: ler e escrever.

 

* O que me irrita: injustiça, de qualquer tipo.

 

* Frases ou palavras que uso muito: bem, não sei tenho alguma frase ou palavra emblemática, mas acho que ultimamente uso muito uso muito duas expressões: "olha só" e "o bagulho tá ficando frenético", culpa do meu irmão que me contagiou.

 

* Palavrão mais usado: "não há dinheiro", isso para mim é um palavrão terrível...

 

* Vou aos arames quando: quando sou injustiçada, quando sou discriminada, quando me exigem mais do que é exigido dos outros, quando me tratam com irrelevância, quando me chateiam, quando me mentem, quando... tantas vezes.

 

* Talento oculto: não me revejo em nenhum talento específico. talvez possa dizer que tenha algum jeito para fazer doces.

 

* Não importa que seja moda, eu não usaria nunca: a sério, tem alguma coisa na moda que seja interessante??? quase tudo tem um cheiro a anos 80, e digam se há alguma coisa de jeito na moda dos anos 80????? eu por lá passei e lamento muitas coisas... principalmente cortes de cabelo arrrggghhh.

 

* Queria ter nascido a saber: a cantar e a dançar bem. ter aquele talento natural. quando eu era pequenina eu sonhava ser bailarina, mas quem nunca sonhou com isso, não é mesmo?

 

 

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Bem, acho que deixo em aberto a quem quiser também entrar nesta corrente.

( cortinas que se movem )

27.10.09, a dona do chá

esta lentidão da manhã que acorda. há uma tranquilidade, mesmo que aparente, nas manhãs que se levantam. paira um silêncio pela casa. uma luz meio cinzenta. uma luz meio pálida a querer entrar pela janela. um friozinho que não é bem frio, uma leve frescura. janelas abertas para arejar a casa. lençóis que se abanam para aviar as camas. loiça lavada. chão a brilhar. garganta que dói. vontade de ficar em casa. vontade de não ver o mundo. vontade que o tempo passe e não seja visto por mim. "eu, por acaso, te conheço, sr. tempo?". passa por mim e finge que não me vê - assim é melhor. o tempo, esta angústia que me massacra, é-me mais conhecido do que eu gostaria. o tempo que se desfaz, que acolhe os dias, que recolhe as horas e os sonhos silenciados. assim, o tempo por si só, em cada canto da casa. a espreitar pelos cantos e corredores. a querer se misturar ao pó do chão. aspiro-o com a convicção de quem sabe que não o pode vencer. pelo contrário, faço-o com a convicção de saber que sou vencida todos os dias. esta lentidão da manhã que acorda no tempo gasto. esta lentidão. pudesse eu reter esta lentidão e transportá-la comigo. pudesse eu ser outro alguém. pudesse eu sentir as coisas de outra forma e ser menos verdadeira. pudesse eu olhar para estas manhãs que se levantam com tranquilidade e, talvez, assim, agarrar o tempo nas minhas mãos.

( amiga, mais que uma irmã )

20.10.09, a dona do chá

abro o meu orkut e vejo uma mensagem que me diz que uma grande amiga minha teve uma trombose e que esteve internada na UTI. fiquei por momentos petrificada. respiração suspensa. tive uma enorme revolta contra esta distância que nos separa. gostava de estar do lado dela e ajudá-la, nem que fosse a passar a ferro. sei lá, qualquer coisa. gostava simplesmente de estar do lado dela.

 

( te amo, Dani )

( Maitê )

14.10.09, a dona do chá

Primeiro vi o "oficial" pedido de desculpas da Maitê Proença, e agora acabei de ver o tão polêmico vídeo dela que passou no programa Saia Justa. Sinceramente, meus amigos, porque o escândalo todo? Não entendo. é claro que o vídeo é ridículo. É óbvio que as palavras, postura e insinuações são de mal gosto.
Na tentativa de ser engraçada, mostra-se patética. Na tentativa de fazer uma (pseudo)comédia, aproxima-se da falta de educação.

Com franqueza, não sei o que foi mais ridículo e patético, o vídeo ou o pedido de desculpas.

 

Ela justificou aquela frase que diz "perdeste uma boa oportunidade de ficar calada".

(...)

06.10.09, a dona do chá

«(...)

Hide my head I wanna drown my sorrow
No tomorrow
No tomorrow
And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I’m dying are the best I’ve ever had
I find it hard to tell you
I find it hard to take
When people run in circles its a very very
Mad world (

...)»

 

Gary Jules, Mad World

(cravado a sete chaves)

06.10.09, a dona do chá

cada pessoa com os seus problemas, questões e vidas. não se pode dizer que o que tenham para dizer seja quantificável. há medida certa para as palavras? existe realmente uma contagem para aquilo que se têm a dizer? não é verdade que aquilo que concretamente sentimos e tememos é aquilo sobre o que menos falamos? está cravado a sete chaves, debaixo de muitas camadas de convenções e limitações. afinal, quem tem pachorra de ouvir? quem tem pachorra de chorar, sofrer e ajudar? não se trata de dar a opinião, de dizer "se eu tivesse no teu lugar...". isto é muito fácil. fácil demais. ouvir, chorar, sofrer e ajudar; outra matéria. características definidoras das pessoas que se definem, entre outras coisas, por serem amigos. e os amigos, são muitos poucos.