Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Chá de Menta

I am half agony, half hope | Jane Austen

Chá de Menta

I am half agony, half hope | Jane Austen

( sobre a leitura )

05.01.09, a dona do chá

Estive na biblioteca e qual não foi o meu espanto em ver tantos livros novos.

Ou será que o defeito é meu, que não ia lá há tanto tempo?

Nem sabia por onde começar, mas a regra é clara: dois livros de cada vez!

( 33 )

05.01.09, a dona do chá

- certezas -

 

 

Geralmente não falo sobre o meu aniversário. Costuma ser uma data sem sabor. Não costumo ter bolo nem velas. Não costumo ouvir os parabéns. Não tenho medo de envelhecer. Talvez tenha medo de um dia ficar velha e sofrer de problemas de saúde graves. Mas não tenho receio de ficar sozinha, não me assusta a solidão. Embora não acredite que um dia fique sozinha. Aceito que tudo, no entanto, que tudo é possível.
 
Chego aos 33 anos com a certeza de que tenho dado o meu melhor. Dei o meu melhor pela minha família, dei o meu melhor em tudo o que faço, menos comigo mesma. Isso vai ser o meu grande desafio a partir de agora. Procurar o equilíbrio entre os dois lados. Sei que terei outro desafio ao longo desta década dos “30”, que será a de continuar a desenvolver o desafio da simplicidade. Viver o que é importante. Nunca foi primordial para mim o “ter”, pelo contrário, sempre foi fundamental o “ser”. E continuo a defender isso. O “ter” deve ser apenas um caminho para se alcançar uma certa segurança que, convenhamos, nos tempos que vivemos poucos alcançam. Mas a vida não deve ser submetida a isto. O “ser” é a meta, sempre.
 
Chego aos 33 anos com a certeza de que tenho realmente de reaprender a sonhar como quando tinha 13 anos e tudo na vida era uma mistério maravilhoso. A vida era uma tarde de verão e o cheiro de mangas a caírem das árvores. Tudo era céu azul, límpido. Tenho de me permitir sonhar e de me alegrar nas pequenas coisas.
 
Chego aos 33 anos com a certeza de que tenho ainda muito a viver e que vou construir junto do meu amado uma família linda. Tenho até certeza de que vou ser capaz de passar valores, mesmo que fora moda, dentro da contemporaneidade.
 
Chego aos 33 anos com a certeza de que ter almoçado com o meu amado foi mais importante do que qualquer outra coisa ou do que qualquer presente.
 
Chego aos 33 anos com a certeza de que tenho vivido, sentido, sofrido, sorrido, muitas coisas, e que continuo aqui, firme e forte.
 
Chego aos 33 anos com a certeza.

( Natal Incaracterístico - 2 )

05.01.09, a dona do chá

- egoísmo necessário -

 

Este ano foi o ano do despertar para muitas coisas. Muitas coisas das quais eu tinha de me libertar e de modificar em mim mesma. Desde grandes decisões a pequenos hábitos. Se há coisa que é difícil é assumir grandes decisões (implica compromisso) e modificar pequenos hábitos (implica determinação e disciplina).

 
As grandes decisões estão relacionadas sobretudo comigo mesma. Acreditem, eu sou uma pessoa cheia de defeitos – não os suavizo nem os camuflo. Tenho algumas virtudes, mas os meus defeitos ganham de longe. Mas se há um defeito que eu tenho e que tem me incomodado é o de me auto-anular. Coloco as necessidades de todos os que me cercam em primeiro lugar e entrego os meus sentimentos e acções em benefício alheio. Não parece um defeito? Mas é. Experimente fazer e veja as consequências. Tem me incomodado a resposta que recebo e ver que o tempo que eu perco a sofrer pelos outros retira de mim a capacidade de me cultivar. Então uma das minhas grandes decisões é essa: olhar mais para mim. Parece egoísmo, não é? Mas não é. Como vais amar ao próximo se não te amas a ti próprio? E, por vezes, o próximo não está nem ai. Sinto que urge passar pela vida com mais calma, não me preocupar tanto, não me “stressar” tanto, deixar as coisas rolarem.
Esta viragem, implica modificar pequenos hábitos. Deixar de trabalhar tanto e me dedicar a ter uma rotina de leitura (abandonada por força do trabalho), a ver mais exposições, a ir mais ao cinema, sairmos mais - eu e o meu marido,  a estar mais com os amigos (alguns bem mais que irmãos). Aprender mais e ver mais. Oxigenar a minha cabeça e o meu coração. Afastar-me do peso das coisas. Ou pelo menos, não me deixar dominar pelo peso e pela depressão que ronda.
 
Quero continuar a construir uma vida com o meu marido substancial, consistente e de longo prazo. Quero continuar a perseguir uma vida que nada tem a ver com sentimentos e prazeres efémeros que duram uma noite. E sei que tenho conseguido. Sei que tenho alcançado o que é de mais importante na vida: um amor verdadeiro e uma vida consistente. Mas o que eu quero realmente alterar na minha vida é ter mais tranquilidade e ter mais amor por mim própria. Quero ter autonomia para viver a minha vida.

( Natal Incaracterístico )

05.01.09, a dona do chá

Isto de se nascer num país e morar noutro – aquilo que vulgarmente designa-se por emigração – nos parte um pouco por dentro. Nunca chegámos a estar totalmente completos, mas ainda assim podemos experimentar momentos quase perfeitos. O Natal sempre foi um lugar estranho onde eu me perdia e ansiava que acabasse rapidamente. Há 19 anos que é assim. Este ano foi diferente. Sinto-me muito feliz. Foi maravilhoso ter comigo uma grande amiga e irmã - daquelas que são eternas. Ela e a sua linda família estiveram connosco. Estar a família “de sangue” e a família “de coração” reunida foi maravilhoso. Faltava o meu outro irmão, cunhada e sobrinha e os meus padrinhos e primas que estão longe, do outro lado do oceano; mas mesmo assim, foi realmente maravilhoso!

 
Na passagem de ano fomos menos: só nós de casa e a família do coração. Embora em menor número, foi uma noite especial. Depois da ceia, fizemos uma pequena celebração de agradecimento a Deus pelo ano que tivemos. Foi um momento reflexivo. E no fim, a minha amiga D. partilhou connosco um hábito que a família dela tem e que eu achei lindo. Reflectir sobre os objectivos para o ano e escrever num papel, mas sem mostrar a ninguém, para no fim deste ano que estamos a entrar ver se o planeado se cumpriu. O que tem de diferente de todos os outros hábitos que se fazem nas passagens de ano? Talvez pelo facto de não ser uma imposição ou uma lista a seguir passo a passo. Eu gostei disto. Fiz a minha e vou guardá-la bem guardada. Ficamos a ver a passagem e o badalar dos sinos. E me senti muito feliz por estar do lado de quem realmente me ama. Olhando para trás vejo que também vou guardar comigo todos os minutos vividos.
 
Reparem, isto sou eu feliz e optimista. Isto é um facto inédito...
 
 
P.s  -- quantos vezes será que eu escrevi "feliz" e "maravilhoso"? ;^)

Pág. 2/2