Cinco minutos são suficientes para definir o prolongar dos dias. Cinco minutos explicam bem como eu vejo a vida. Cinco minutos, apenas. Não há mais que dizer. Deixa-me reter o ar dentro do peito, suster bem a respiração, porque em cinco minutos tudo pode acontecer, mas eu sei que nada acontece.
Esta sensação de claustrofobia que permanece, como se os pulmões se fechassem para qualquer mínima tentativa de entrada de ar. Uma certeza de que por mais que se tente, a vida é isto: um nada. Respirar? Para quê?
Uma tarde para pensar em soluções, mas sem encontrar nenhuma. Chega uma altura na vida que é cansativo caminhar sem ver paragem. Viver de privações e pensar que assim se resolve tudo é uma opção válida, mas não resolve tudo. Tem de ser assim: ser racional, saber pesar as coisas e ter equilíbrio. Saber que pode não existir amanhã, mas que se deve pensar nele. Porém, não faria mal encontrar mais soluções. Solução, esta é a palavra de ordem. Aos meus olhos, esta palavra se assemelha ao código secreto para desvendar um mapa qualquer de um tesouro escondido e esquecido...
Uma tarde para caminhar em passo lento, saboreando o dia inesperadamente ensolarado e para conversarmos - temos tão pouco tempo para nós os dois (um lamento)... Três horas a caminhar sem nos cansarmos, sem pensarmos em horários, somente nós os dois. Tão banal isso, pensarão. Para mim, é o paraíso.
De mãos dadas contigo o mundo parece menos inóspido.
Espanta-me esta tua capacidade de voar como quem dança, tão belo e tão sereno. Sofres sem dar a entender e vives como quem conta os dias com lábios entreabertos, em sussurro. Não sei entender muito bem todos os teus gestos e todos os teus passos. Não sei bem. É um mistério. Desentendo-me diariamente, reencontro-te a cada hora e nesta indecisão de factos e verbos caminhamos.
Tenho saudades disto aqui, de escrever e de expressar. Por um lado, não tenho tido tempo. Por outro lado, tenho tido - por mais contraditório que pareça - pouca vontade de escrever. Ter este cantinho serve para purgar muitos sentimentos e reflexões, mas chateia-me profundamente que ele seja lido como fonte de informação e julgamentos. Na realidade, é culpa minha. Nunca deveria ter dito a ninguém - pessoas conhecidas minhas - que eu tinha este canto. Ele existe para mim. É ridículo, não é? Eu sei que algumas pessoas passam por aqui, conhecidas e desconhecidas, para ler o que eu escrevo; não sei se porque gostam ou não. Mas a verdade, é que quase sempre eu esqueço disso. Isso porque eu escrevo para mim. Nesta minha vida de altruísmos eu devo ter direito a um acto qualquer de egoísmo, certo? Portanto, o conteúdo deste chá não é para atingir ninguém nem para enviar recados. É o meu momento umbigo. Há pouco tempo, tive vontade de terminar com este blog, porque o prazer de tê-lo estava a ser suplantado por ter que andar sempre a dar satisfações do que escrevo. Não tenho nem quero dar satisfações a ninguém. Mas porque cargas dágua eu teria de terminar com algo que me faz tanto bem a alma???? Porquê????? Pode ser que o que escrevo sejam baboseiras repletas de erros ortográficos e de concordância; mas que se lixe, são as minhas baboseiras, são as minhas emoções, é o reflexo do meu olhar na realidade que me cerca. É a expulsão do que o meu ser carrega. Não me interessa que seja superficial ou banal. Não me interessa. Conclusão: para já - porque nunca digo nunca - não vou terminar com este blog.