Os meus sonhos são tão simples e mesmo assim... parece que nunca consigo realizá-los. Olho à minha volta e vejo que as pessoas não têm dificuldade de realizar os seus próprios sonhos. O meu altruísmo faz com que eu viva nesta frustação mas, ao mesmo tempo, não sei viver de outra forma. Por vezes, concluo que seja qual for a nossa decisão pessoal de como devemos viver a vida, isso vai implicar sempre sacrifício e frustação. Há dias que esta (in)certeza não me preocupa muito, mas há outros dias em que me arrasto para ver se tudo passa mais rápido. Desiludir-me com as pessoas acentua muito este processo. Pensar que uma pessoa é uma coisa e, afinal, é outra. É uma grande desilusão, ter feito tantos sacrifícios e o resultado é a mentira. Como eu detesto a mentira. Detesto.
Ela pensa que engana todo mundo. Ela pensa que planeia, faz e acontece. Pobre menina boba e infantil, já se acha tão adulta e ainda lhe falta tanto. Ela pensa que pode fazer tudo o que lhe apetece e que é dona do próprio nariz, única e exclusivamente porque já sofreu na vida. Ainda vais sofrer tanto mais. E ela ainda não sabe, mas um dia os amigos desaparecerão, as borgas acabarão e quem irá levantá-la do abismo será quem sempre esteve do lado dela. Se ele ainda tiver paciência para isso. Ela não pensa e nem sabe porque está demasiado cega. Está demasiado cega com a ilusão de independência e de liberdade. Eu vejo bem o que está a acontecer. Ele não está a ver o que realmente se passa. Ela pensa que vê demais, coitada não vê que está a perder a confiança que ele tem nela. De minha parte, recebe apenas o meu asco pela atitude dissimuladora.
Fala-me as tuas palavras junto de mim, junto ao meu ouvido. Fala-me da dimensão do teu amor por mim - não me canso de te ouvir. Não para ter certeza, mas porque os teus sentimentos são como música. Não sabias? Eu sei que sabes.
Enfim, já passaram as festividades todas. Sobrevivi, é verdade.
É tempo de balanço: 1. Chateia-me o histerismo do Natal, já o tenho dito. Receber um presente/prenda não é a coisa mais importante do mundo - quando as pessoas vão aprender isso? Parece uma necessidade social de se ser bem aceito. Sei lá, também não vou perder tempo a racionalizar isso. Contudo, não foi ruim este ano. Teria sido melhor se eu não tivesse trabalhado; mas o que tem de ser, tem de ser. 2. Passagem de Ano - outro histerismo. Perguntaram-me se eu ia engolir as 12 passas e só me apeteceu rir. Não me levem a mal, cada um acredita no que quiser; só não consigo me associar a este optimismo e cegueira de fim de ano. As contas e a crise estão aí, não desapareceram com as badaladas. Se as pessoas tivessem durante todo o ano o mesmo empenho de "serem felizes" que querem demonstrar ter nos festejos de Natal e de final de ano, talvez muitas coisas poderiam ser diferentes. Posso até estar a ser moralista ou demagógica, não sei.