A esperança surge num cenário, por vezes, tempestuoso. Não se consegue ver para além do horizonte, de tão negro que está o céu? Acontecimentos inesperados geram novas forças. A esperança reaparece em pequenos detalhes do quotidiano e nas bênçãos que surgem. Ou não terá nunca desaparecido?
Pequenas bênçãos constroem grandes vitórias.
Sinto uma grande alegria... Dá uma enorme vontade de sorrir.
Não sei o que dizer ou o que fazer quando vejo coisas que me revoltam. Tenho assistido de camarote uma tendência de algumas pessoas que eu amo para a auto-destruição. Como defesa usam receitas alheias ou filosofias de cordel, com a certeza de que isso anulará o mal que fazem.
Sinto revolta e cansaço. Dá uma enorme vontade de desistir.
Fui comprar um medicamento na farmácia que estava de serviço, já passava da meia noite. Sou recebida por uma funcionária antipática que me diz que aquilo não são horas de ir lá. "Não sabem se prevenir!!". E eu estaticamente pasma fico a olhar para ela como quem olha para um E.T.. Ela vira costas, e depois volta com um ar ainda mais medonho que o anterior e diz-me que não tem lá o medicamento.
Tem dias que são assim: puro cansaço. Nada parece bater certo, ou estamos demasiadamente cansados para pensar nisso. Ou é do calor, quando se torna excessivo. Ou é da mesmice, quando o quotidiano dita as regras.
Ter planos para o futuro é um risco, principalmente pela sensação de esperança que pode resultar em decepção. Mas, por outro lado, planear para o futuro é também viver. Viver com fé.
Ir ao supermercado sempre me ensina algo sobre a natureza humana. Esta é uma certeza Estou na fila para pagar as minhas compras e reparo num senhor atrás de mim, somente com uma embalagem de café nas mãos. Eu deixo-o passar porque afinal era só uma embalagem e é bom ser gentil para com o próximo. A meio da tarde, dou-me conta de que esqueci um produto (o que não é novidade) e volto ao supermercado; que, por sinal, estava abarrotado de pessoas. Coloco-me novamente na fila e olho para o carrinho a transbordar de compras que está na minha frente. Não consegui deixar de pensar que gostava que aquela senhora olhasse para mim e pensasse: "esta moça só tem um artigo na mão, vou deixá-la passar". Mas não, o que recebi foi um olhar de fastio como se fosse uma grande maçada eu estar ali. Na realidade, ela estava no direito dela já que era a sua vez. Mas, por vezes, ser gentil não arranca nada de ninguém. No fim restou-me dizer: "por gentileza, dá-me licença de passar?", já que eu saí primeiro do que ela, que ainda ficou a "ensacar" as compras.