A morte tem a tendência de juntar famílias. O preto é o pano de fundo que encerra a dor. Uma ausência que guarda e relembra outras ausências [o facto de ser o dia da mãe não ajuda]. O consolo reside na certeza de que findo o sofrimento de meses ele, finalmente, encontrara descanso. Mas este consolo não altera o sofrimento de quem ama e sente saudades. Segue-se a cerimónia, as homenagens e o reafirmar da integridade moral daquele que partiu. "Já está com Deus" [ninguém duvida disto - mesmo aqueles que, por mero acaso, não acreditam em Deus].
No fim, pairava a promessa de rever a família mais vezes, as palavras circunstanciais dos (des)conhecidos e a terra revolvida.
Não podia compreender esta necessidade infindável de encontrar o sentido das coisas. Ela sabia que isto de encontrar respostas é quase sempre uma estrada de via única que termina numa rua sem saída. Não seria caso de lhe dizer que se ocupasse com outras coisas?
Demasiadas perdas num curto espaço de tempo. Desconheço a verdade daqueles que afirmam que o tempo e a vivência nos ajudam a esquecer a dor. A dor é sempre a mesma em qualquer idade.