Há situações que surgem sem serem pedidas. A minha cabeça estoura de dor. E de preocupação. Queria sair da sala de aula, neste momento, e ver se tudo está bem. Não ver ninguém. E ver alguém.
o receio de sentir frio. de ficar com os dedos enregelados. o receio de que o inverno nunca acabe. as paredes que prendem e que envolvem a realidade das horas. não há alternativa para a brevidade dos sentimentos. escolhe-se um casaco e um cachecol. sai-se pela rua. não há sol (um dia cinzento não é um dia, é uma noite que não foi totalmente embora). olhos no chão para pensar melhor. há muito tempo para pensar. podia ser diferente, podia. não ter tempo para pensar é que seria muito bom. e não sentir frio também.
Um homem x vira-se para o sr. G., que é diabético e com problemas (entre outros) cardíacos, e diz:
- Então Sr. G., você já não toma vinho? - Não, não posso por causa dos remédios... - Ó homem, você tome o vinho e deixe lá os remédios, que o vinho é bom porque acelera o coração...
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Mas que tipo de conselho é este??
Pergunto eu, agora, seria pouco ético colocar um laxante no café do homem x?
« Hoje basta eu adormecer na vida de um amigo para ele estar tão diferente que eu quase não o reconheço. O mundo sendo ou não meu amigo está sempre a mudar e a única coisa que posso fazer é observar, não do modo limitante da passividade, mas do modo insignificante que é a minha actividade. »