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Chá de Menta

I am half agony, half hope | Jane Austen

Chá de Menta

I am half agony, half hope | Jane Austen

( ALGUMAS ACTUALIZAÇÕES )

09.03.04, a dona do chá
Estão atrasadas, mas quero destacar:

- O Icosaedro sempre nos surpreende pela constante mutação e busca (talvez) de simplificação da imagem do blog. A última mudança de template ficou muito boa e agradável ao olhar.

- A Menina Andreia está com nova roupagem. E que bonito que ficou! Leve e suave como as asas de uma borboleta.

- Também o Pedro modificou a paleta de cores. Os dias que correm tem novo visual.
- O Horizonte Infinito mudou de casa. Para ver as lindas e interessantes imagens de Andrei Gurgel clique em http://www.andreigurgel.com.br/

- Infelizmente o Perto do Coração Selvagem terminou. As palavras do Guiu também falavam ao meu coração. Vai fazer falta no meu quotidiano de leituras.

( DIVERTIDO OU PATÉTICO? )

09.03.04, a dona do chá
Ver um grupo de homens num Café a se degladiarem com posições políticas na mão é, no mínimo, patético. Em combate estão os formosos valores da Direita e os grandiosos ideais da Esquerda. Quase sempre é uma conversa entre "surdos". Cada um fala mais alto do que o outro. Nenhum argumento é ouvido, somente lançado. A coisa mais inútil é a conversa sobre política. Faz-me sempre lembrar as crianças a discutirem entre si, sobre quem tem o melhor pai: "O meu pai disse isto" "O meu pai fez aquilo". "O teu pai não sabe mais do que o meu". Há alturas, que isto é divertido de presenciar. Mas quase sempre é patético e deprimente.

( VESTÍGIOS DE CASA - 5 )

09.03.04, a dona do chá
As noites eram infinitas e negras. O céu imenso, pontilhado de outras iluminuras. Acordar a meio da madrugada era um convite para algo desconhecido. Ficava quieta. Ouvia os estranhos sons da noite. Um batuque distante, esmorecido. Um grilo. Um carro, algures - mas não era algo usual. A respiração dos habitantes da casa. Todos tranquilos, esquecidos de si mesmos. Depois, eu acabava por tomar coragem. Levantava da cama e dava passos incertos pela casa. Tinha sempre a sensação de que ia encontrar algo. Nunca soube bem o quê. Nunca aconteceu.

( NESTES DIAS )

09.03.04, a dona do chá
Quando o sol deixa de arder sobre nós, resta-nos o repouso. Procuramos a tranquilidade do deixar para depois os problemas. Dizes-me: "Deixa-os à espera na soleira da porta. No chão. Sentados no capacho da porta." Tento. Pousas a tua cabeça no meu regaço, com os meus dedos quero afastar as tuas dores. Ficamos, assim, no silêncio de nós dois. E se, mesmo assim, não conseguirmos repousar, temo-nos um ao outro. Os nossos dias são feitos de pequenas, mas profundas, certezas.

( ENTRE NÓS, OCEANO - 8 )

06.03.04, a dona do chá
A proximidade é um conceito estranho. Tão certo é a distância que nos separa quanto o amor que nos aproxima. Quando voltamos a nos rever, a amizade demonstra estar intacta. É um abraço apertado, é uma vontade de repor continuidades, é um não querer mais nos separar. Começámos a conversar como se nunca tivéssemos parado. É verdade que suscitámos algumas recordações. [não concebemos distinção entre passado e presente.] Então, cismo comigo mesma, que a proximidade é esta força que nos empurra a cultivar um sentimento. Deve-se lutar para o deixar intacto, resguardado das agressões do mundo. Quando ouço o som metalizado da tua voz através do telefone, sinto-te presente. Quando vejo o céu trespassado de leveza cor-de-rosa, aproxima-se de mim o entardecer de outros tempos. Recosto-me na cadeira. Alí, na varanda. Olha para a rua, mas vejo outra rua. Consigo visualizar-me a correr. Tu também lá estás. E tua irmã. Risos, joelhos feridos, brincadeiras. Tremo, aqui faz frio.

Inventário. (3)

06.03.04, a dona do chá
Sobre o fundo preto, faço deslizar letras - um tanto inclinadas - brancas. Organizo por etapas os nossos encontros e desencontros. Distribuo aquilo que vivemos juntos e que somos por fases e por imagens. As frases ditas e os olhares identitários. Antigos episódios e pequenas situações destacam-se neste conjunto de vivências. O fundo preto projectado contra a parede será o fio condutor. A nossa história não é melhor nem mais bela do que as outras. Mas é a nossa história. Pertence-nos. Eu sou tua, assim como tu és meu. O nosso rumo não se formou com letras vacilantes, que se desfazem e se esvaem. Sem que soubéssemos, por detrás de tudo, ecoava a certeza de que «nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam» (1 cor 2:9).

Não quero saber o final.

05.03.04, a dona do chá
Imaginem uma enorme fila de cinema. Todos estão ansiosos para comprar o bilhete e ver o filme em cartaz. De repente, começam a sair dezenas de pessoas, que acabaram de ver a sessão anterior. Um homem passa, vira-se para a fila, e começa a gritar: "Ouçam lá, quando chegar a parte tal do filme vai acontecer isto e aquilo. E no final, sabem o que acontecem no final??? O protagonista faz..." Desagrado é o mínimo que se pode sentir numa situação destas. Se isto aconteceu comigo? Não. Isto é apenas um retrato, que eu visualizo na minha cabeça, sempre que eu entro num blog onde os filmes são desfiados e contados em detalhes. Não me parece incompreensível que se fale de um filme que se gostou de ver ou da actuação de um actor/actriz. Mas há formas de o fazer. Pessoalmente, há meses atrás eu estava ansiosa para ver Lost in Translation. Não vi o filme. Perdi a vontade. Já sei o filme todo. Até o sussurro do final.

Da condição de ser estrangeiro.

05.03.04, a dona do chá
Ao ingressar na Universidade, no dia de apresentação de uma cadeira, estavam todos os alunos do curso num anfiteatro e a "Sra. Dra." - com toda a pompa e circunstância da sua posição de "superioridade" - dirigia-se a cada aluno a indagar o nome, a idade, o lugar de origem e (destaque-se o requinte da questão) se o curso tinha sido a primeira opção na candidatura. Quando chegou a vez de uma aluna, ela respondeu automaticamente, sem grandes detalhes. Então, a "Sra. Dra." diz-me assim: "Ahhh... - pausa - és brasileira...", e com olhos esbugalhados pergunta: "E você já fala e escreve bem o português?". Com os olhos arregalados de estupefacção, a aluna ficou longos segundos siderada. Então respondeu: "Sim, penso que irá compreender perfeitamente o meu português...".

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