Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Chá de Menta

I am half agony, half hope | Jane Austen

Chá de Menta

I am half agony, half hope | Jane Austen

Ler um poema - enquanto o sono não chega... (3)

28.11.03, a dona do chá

Não Dizia Palavras

« Não dizia palavras.
Apenas aproximava um corpo interrogante,
Porque ignorava que o desejo é uma pergunta
Cuja resposta não existe,
Uma folha cujo ramo não existe,
Um mundo cujo céu não existe.

Entre os ossos a angústia abre caminho,
Ergue-se pelas veias
Até abrir na pele
Jorros de sonho
Feitos carne interrogando as nuvens.

Um contacto ao passar,
Um fugidio olhar no meio das sombras,
Bastam para que o corpo se abra em dois,
Ávido de receber em si mesmo
Outro corpo que sonhe;
Metade e metade, sonho e sonho, carne e carne,
Iguais em figura, iguais em amor, iguais em desejo.

Embora seja só uma esperança,
Porque o desejo é uma pergunta cuja resposta ninguém sabe.


Luis Cernuda

Miss Kafka.

28.11.03, a dona do chá

Depois de um comentário da Miss Kafka (gostei logo do nickname) fui visitar o seu blog, que se intitula Kafkiano. Foi uma viagem aliciante.

« Em vez de viver as horas, corria atrás delas. O ponteiro, esse, sempre um passo à frente. Por muito esforçadamente, por muito desesperadamente. Era preciso cuidado para não se distrair para não o perder de vista e correr o risco de não poder jamais ultrapassá-lo. »

Miss Kafka apresenta o que se poderia designar por fragmentos de sonhos ou, quem sabe, pedaços de realidades surrealistas. A criatividade expande-se em cada palavra escrita. A leitura de cada post prende a atenção e, ao mesmo tempo, desperta a curiosidade de ver revelado o desenlace dos relatos.
Recomendo uma viagem ao universo de Miss Kafka.

Ler um poema enquanto o sono não chega. (2)

27.11.03, a dona do chá

« a chuva viaja no olhar
um momento imóvel sobre o rio;
dos ombros desertaram as aves
a tarde dói: ácida e fria

outro tempo marulha
na espiga morna das palavras: uma festa
dentro da cidade; outro tempo
de férteis percursos fecundado

agora a noite traz a harmonia
do teu rosto;
deixa-o assim: a florescer na
água do poema como trigo. »


José Manuel Mendes

Comentar os comentários.

26.11.03, a dona do chá

Dantes eu não "comentava os comentários" (uma repetição necessária) aqui feitos, achava que deveria ser um espaço de liberdade para quem entrasse, casualmente ou não, neste local. Mas começo a perceber que o meu silêncio poderia ser entendido como indiferença ou ausência, e tal não acontece. Aprecio todos os comentários, sejam eles positivos ou negativos. Agrada-me a partilha de ideias.
Então, a partir de agora, vou "invadir" a caixa dos comentários.
Espero que não se importem...

Post it.

25.11.03, a dona do chá

A vida tem decorrido de uma forma inesperadamente atarefada e, por outro lado, a tecnologia não tem sido benevolente. Consequência: tanto para escrever, mas pouco tempo e meios para tal. Espero retomar o curso normal dos meus passos. Embora, por vezes, a tormenta seja benéfica.

Um salmo.

21.11.03, a dona do chá

« Senhor, tu me sondas, e me conheces.
Tu conheces o meu sentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.
Esquadrinhas o meu andar, e o meu deitar, e conheces todos os meus caminhos.
Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó Senhor, tudo conheces.
Tu me cercaste em volta, e puseste sobre mim a tua mão.
Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim; elevado é, não o posso atingir.
Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua presença?
Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também.
Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, ainda ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.
(...)
Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho perverso, e guia-me pelo caminho eterno.»


Salmo 139: 1-10,23-24, Bíblia Sagrada

Nova Casa.

21.11.03, a dona do chá

O Icosaedro mudou daqui para aqui. A mudança parece ser positiva, por dois motivos essenciais:
1) Podemos ver a imagem de fundo em todo o seu esplendor, sem banner a atrapalhar.
2) O dono parece satisfeito com a opção feita.
Felicitações pelo novo espaço .

Grãos de café.

19.11.03, a dona do chá

Através do vidro da mesa vejo os grãos de café. Ao fundo, um som musical com traços indianos. Não aprecio, mas sempre é melhor que a "mesmice" das rádios. Agrada-me o cheiro a fim de dia... As pessoas, pouco a pouco, preenchem a tranquilidade do café. Uns rostos transmitem rugas de cansaço, outros laivos de alívio.
Aguardo a chegada de uma amiga. Entretanto, alimento a minha espera - entre um chá perfumado e um muffin despretensioso - de outros episódios.

Lembro-me de ti.

Este é o nosso café. Aquele que elegemos. Olho para a direita, lá está a nossa mesa. Revejo o teu riso franco, as tuas palavras que bebo a cada gota... Antes de mais nada, estávamos nós. Eu estendia a mão, ansiosa da tua. Encontrava amparo no conforto dos teus dedos. Esvaziavas as minhas inseguranças.
Antes de ti, o mundo girava indiferente. Não sentia sequer o seu movimento.
Antes de ti, eu errava. Contigo caminho. Caminhamos os dois. Lado a lado. Felizmente, a estrada não tem fim.

Relato da aula.

18.11.03, a dona do chá

Perfeição irrepetível.

18.11.03, a dona do chá

« No círculo imperfeito do seu universo óptico a perfeição daquele movimento oscilatório formulava promessas que a unicidade irrepetível de cada onda condenava a não serem mantidas. Não havia maneira de fazer parar aquela sucessão contínua de criação e destruição. Os seus olhos procuravam a verdade descritível e regulamentada de uma imagem certa e completa: acabavam, pelo contrário, por correr atrás da móvel indeterminação daquele vaivém que embalava e escarnecia de qualquer olhar científico. »

Alessandro Baricco, Oceano Mar

Pág. 1/2