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23.03.10, a dona do chá
" O corpo não me pediu para dormir esta noite. Deitei-me na cama, mas os olhos não se fecharam. Fiquei na luz que me encheu: desde o céu, desde o sol, uma luz a rasgar a noite e o telhado e o meu peito, uma luz a cegar-me de tudo o resto. Com as pernas estendidas, com os braços estendidos, sem os sentir, estive deitado. Penso: talvez a dor exista para nos avisar de um sofrimento ainda maior. Nas costas, debaixo da roupa, sinto dor em carne viva. Penso: a dor existe para nos avisar de uma dor maior. "
José Luís Peixoto, Nenhum Olhar