(o coração é um órgão de fogo)
duas semanas e um corredor
o ritmo manteve a mesma intensidade. assim um ritmo de rolo compressor. não há muito tempo para pensar, mas tem-se que pensar em tudo e estar atento a tudo. cada detalhe do desenvolvimento da recuperação torna-se prioridade: se o coração está a funcionar bem, se os diabetes estão em valores normais, se as tensões estão controladas, se a perna está a cicatrizar, se ele está deprimido, se ele está bem, se ele.
entretanto, as coisas triviais e quotidianas não desapareceram e há que resolvê-las. e depois, repetir os gestos. refazer o mesmo caminho. percorrer os mesmos corredores. reencontrar rostos que começam a ser familiares.
chegar ao essencial: estar do lado dele todos os minutos possíveis para minimizar a solidão do quarto azul. “vai tudo ficar bem”, relembro-lhe todos os dias para cimentar uma confiança que eu própria ando a reaprender todos os dias.