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Chá de Menta

I am half agony, half hope | Jane Austen

Chá de Menta

I am half agony, half hope | Jane Austen

( 34 )

05.01.10, a dona do chá

 

Acordo e me recordo dos dias passados. O meu percurso. Como uma caminhante, avanço com passos ora firmes ora vacilantes. Há um ano tinha a certeza nas mãos como um tesouro que podia exibir diante de quem quer que fosse. Podia dizer  “olha, vê aqui, nas minhas mãos, nos meus olhos. Tenho tantas certezas, tantos sonhos”.  Hoje posso dizer que algumas certezas cairam e que outras se levantaram. Os meus olhos têm visto de tudo um pouco. Algumas vezes, embaciam de cansaço. Marejam de ansiedade. Enxergam o caminho. Mas não alcançam o que virá a seguir da curva.
Tenho tido lições. A vida tem me mostrado muita coisa. Não sei é se tenho tido a capacidade de aprender. A estrada é sinalizada, a questão é se eu sei ler-lhe as indicações. E alguns destes sinais, quando surgem, estão escondidos. Subterrâneos. Outros são evidentes. Paralizo constantemente diante deles. A minha mente pede-me pausa.
Carrego em mim um cansaço que se me agarra às costas como uma sombra. Agarra-se, arrasta-se, engole-me. Mas, há dias, que vejo em mim alguma força. Alguma tenacidade. Uma teimosia. Então se há fases de melancolia, por outro lado sei dominá-las de tal forma que não se metamorfoseia em tristeza. Tenho ganho calo. Carapaça. Não é qualquer coisa que me atinge. Embora a injustiça ainda me incomode. Não a suporto. O contacto diário com uma possível perda tem moldado a minha maneira de ser. É bem certo que tenho os meus medos, as minhas incertezas, as minhas angústias; mas não me permito ir abaixo.
Chego aos 34 anos com todas as incertezas e com todas as certezas possíveis.
Chego aos 34 anos com todos os medos e receios.
Chego aos 34 anos com a convicção de que tenho feito ( e já o disse há um ano ) o meu melhor. Tenho me empenhado, tenho abdicado, tenho me entregado.
Chego aos 34 anos consciente de que esta pode ser a idade em que eu perca o meu pai.
Chego aos 34 anos consciente também de que poderá ser um reinício para o meu pai.
Chego aos 34 anos ansiosa por estabilidade mas feliz pela provisão na instabilidade.
Chego aos 34 anos com a certeza de que quero ser mãe mas não sei o serei.
Chego aos 34 anos com a conclusão de que tenho feito muito por muitas pessoas e que elas não são o que eu esperava. Talvez eu seja decepcionante também.
Chego aos 34 anos grata pelo meu marido, pela minha família e amigos. Grata à Deus por todas as coisas.
Chego aos 34 anos a me sentir tão criança como quando tinha 13 anos. A ter alegria nas pequenas coisas. Ao mesmo tempo, sinto-me finalmente em entrar numa fase mais adulta.
Chego aos 34 anos e finalmente compreendo o texto de II Coríntios 12:9-10
“E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.”
Chego aos 34.

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